Além da linha Vermelha Malick – Crítica – Análise – Psicólogo USP
Além da linha Vermelha Malick – Crítica – Análise:
O universo dos filmes de Malick é intimista, poético, e do “cinema arte”. Ao escrever sobre The Thin Red Line, vejo que o título é belo. Esse é um filme sensível, tocante, que é ambientado na guerra; mas não pode ser enquadrado como um ‘filme de guerra’, isto seria apenas um fração de Além da linha Vermelha Malick – crítica – análise.
Malick aprofunda nos personagens do soldado Jim Caviezel e sua solicitude; Sean Penn e sua maturidade de assumir a dificuldade da situação, o capitão Elias Koteas, como disse um soldado “foi um pai para nós”; coronel Nick Nolte duro e pragmático; o soldado Adrien Brody em medo aterrador; entre outros personagens marcantes.
Além da Linha Vermelha é um grande convite ao ser sentir, antes do enredo, o ritmo das imagens/música/reflexões; em uma comparação singela, como diante de tomar um café, sentir o cheiro e em presença saborear o sabor, para depois se ater sobre a procedência do café, modo de preparo, etc. Mesmo nas reflexões do filme, que poderiam ser tomadas como algo mais intelectual; simplesmente “engolir” pode tornar-se mais digerível e interessante na co-vivência com ‘Além da linha Vermelha.
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A maravilha de um cineasta como Terrence Malick, é que os produtores dão liberdade para ele criar; sobretudo com suas longas edições, sem a enorme pressão pelo lucro. Os filmes de Malick pouco dão lucro e demoram postergam datas de estreia. Isso proporciona ao diretor uma tranquilidade para fazer os cortes no seu tempo, que é quando Malick se dedica bastante para uma “segunda” decisão de como será a história. Com muitas horas de filmagens, facilita decidir aprimorar e a lapidação final de sua arte.
Terrence Malick traduziu o filosofo Existencial Martin Heidegger, e no decorrer do filme vemos questionamentos e observações nesse sentido, mostrando nossa face humana; de quem está na vida e lembra da própria morte. Heidegger diz que somos ‘ser-para-morte’, ou seja somos lançados em nossa finitude, somos para o fim de nosso viver. Esse ‘somos’, não é algo que temos e podemos não ter ou modificar, é uma de nossas faces, assim como somos dependente de água/líquido; somos com-o-outro, convivendo, envolvidos; somos sempre compreendendo, mesmo que o entendimento final seja ‘não sei’.
Os soldados, em sua juventude, estavam literalmente frente-a-frente na morte do outro; e com sua mortalidade, que geralmente nos afastamos dessa questão por ser bem desagradável pensar sobre; mesmo que se acredite na vida eterna e que possivelmente encontre pessoas amadas em outra vida; há um mistério a esse respeito, não se sabe com certeza o que acontecerá, nem o que se passará fazendo pela eternidade. Enfim, lidar maduramente com nossa finitude é importante para uma ressignificação consciente da vida, mas é algo difícil.
Além da linha Vermelha Malick – Crítica – Análise:
Religiosidade?
Já li comentários de que Malick usa um “tom messiânico”, “abusa de alusões Cristã”… é possível; contudo, se for dessa forma religiosa, não diria que prejudica o filme, afinal é muito comum pessoas se expressarem assim, recorrendo a um Deus Cristão (aqui no ocidente); com dúvidas da vida, no estilo de que foram aprendidas socialmente “meu Deus, porque fizeste isso comigo?”. Seja como for, diz respeito a como somos, mesclando nossa visão com religiosidade, astrologia, azar, sorte; enfim, diz respeito a nossa capacidade de transcender, ou seja, nossa possibilidade de abertura ao que não é mas pode vir a ser.
Hanz Zimmer, grande músico do filme, relatou a experiência com Terrence Malick na criação das músicas, uma experiência intensa e saudável. O diretor, como um maestro contou com um elenco de excelentes profissionais, editores, fotografia, músico, atores bem empenhados; filmando em condições climáticas desagradáveis, sem poder trocar de roupa ou tomar banho, etc. Um filme, sobretudo desse porte, um épico-intimista, ou como disse José Wilker, “poético”, realmente precisa de uma dedicação de vários artistas; quem ganha com tudo isso, somos principalmente nós, os que experienciamos a arte de The Thin Red Line.
Além da linha Vermelha Malick – Crítica Análise
Sequência que mais gosto:
A sequência (conjunto de cenas) que mais gosto; e que tem uma unidade se pensarmos na música Light de Hanz Zimmer; inicia quando o Capitão Staros (Elias Koteas) está se despedindo do comando dos soldados, um deles diz “gostaríamos de agradecê-lo senhor… Por ter olhado por nós… Nos mantidos unidos”. Mais adiante Staros diz em grego e traduz “Vocês foram como filhos para mim”, na cena seguinte em off sua voz continua “… A partir de agora viverão em mim, levarei-os comigo onde eu for”. A sequência continua com outra voz em off “É algo que nunca pode se esquecer…”, vemos soldados brigando, “a guerra não dignifica os homens, transforma-os em cães, envenena a alma”; soldado estadudinense que arrancou dente de ouro de japonês em crise atira-os fora.
Surge caminhando o soldado Bell (Ben Chaplin), casado, lembrando de sua esposa; em off diz “Eu quero ser imutável para você, eu quero voltar para você o mesmo homem que era antes”. A cena seguinte é uma das mais belas do filme, a esposa de Bell (Miranda Otto); se balançando descalça no balanço primeiro numa expressão amorosa, depois sorrindo; o efeito da cena é lento e fica lindo ela se balançando em câmera invertida na vertical, em U invertido, na parte superior da cena:
Além da linha Vermelha Malick – Crítica – Análise
Intervalo:
O filme não se utiliza de uma ideologia patriótica e de uma comemoração de vitória, típica em muitos filmes que se passam na guerra; o final mostra George Clooney orientando soldados recém chegados, depois o navio dos soldados que estiveram em combate se afastando da ilha enquanto outro vai em direção a ela. A história lembra um intervalo, iniciado com aborígenes vivendo em comunhão com a natureza; e finalizado com meninos da mesma tribo numa canoa e a seguir, a cena final, uma plantinha.
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Mais informações:
O IMDb (Base de Dados de Filmes da Internet), é um conceituado site sobre informações de filmes: http://www.imdb.com/title/tt0120863/
Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Thin_Red_Line_(1998)
Texto: Além da linha Vermelha Malick – crítica – Análise.
Bacellart Psicólogo
Bacellart Psicólogo Experiência USP – Presencial & Online – Brasileiro.
Abordagem – dependendo do terapeutizando (paciente): amadurecimento (Winnicott) e/ou Teoria Cognitiva Comportamental e/ou Fenomenologia Existencial.
Se necessário, orientação em terapia breve focal.
Especializado em depressão, ansiedade/pânico. Desenvolvimento Profissional, Pessoal e Amoroso.
Aluno convidado ouvinte, doutorado USP (Gilberto Safra) e PUC (Zeljko Loparic), de 1997 a 2003.
Consultório Av. Paulista 1701, Bela Vista, Metrô Consolação e Trianon-MASP, linha verde. São Paulo SP, Brasil.
Possibilidade de entrevista para TV, rádio, revista e jornal.
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