Aconte-Ser
Liberdade e Autenticidade:
Aconte-Ser – Liberdade e Autenticidade. o que me motivou a escrever um tema tão amplo e complexo, foi a observação de um cineasta que muito admiro, Terrence Malick. Sobretudo em seu último filme, De Canção em Canção – Song To Song – (2017), pude constatar o quanto a questão do “apenas ser”, SER ou existir; é largamente explorada por ele, desde seu primeiro filme de 1973. O que será que é o “tal” do Ser? A pergunta clássica que o filósofo Heidegger tenta responder em sua ontologia, sua fenomenologia existencial (que o mesmo prefere nomear como a questão do Dasein (traduzido como ser-no-mundo).
Malick traduziu um texto de Heidegger e pediu aos protagonistas do filme Amor Pleno, To The Wonder, para lê-lo. Aqui acrescento que nesse artigo também citarei o psicanalista do amadurecimento Winnicott, no qual o grande filósofo Zeljko Loparic fez uma boa associação com Heidegger. Loparic disse numa aula que ‘somos acontecentes’, no sentido do que seria esse Ser, como um verbo em execução: o que é, acontece, acontecendo.
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O que é liberdade? Conceito comum, etimologia e filosofia:
1) Creio que uma imagem bastante comum da palavra liberdade seja o da pessoa que tem uma ótima moto, quantidade boa de gasolina e tempo livre para trafegar preferencialmente na tal da Route 66, de 4000km.
2) Mas, talvez mais que a imagem acima, a associação principal se dê com os pássaros; que, mais que o motoqueiro acima, teria maior liberdade de ir e vir.
Considerações sobre o motoqueiro e o pássaro:
1) Está óbvio que para uma pessoa fazer isso, precisa ter dinheiro e tempo sobrando; será que uma pessoa sem mobilidade não tem liberdade? Se gostar de pintar e tiver material para isso, não seria livre para criar?
2) O mesmo vale para o pássaro, e eu gosto de trazer o João-de-Barro: um pássaro que constrói casas não porque escolheu ser mestre de obras; e sempre como um iglu, também sem nenhuma liberdade arquitetônica. Os pássaros vão e voltam por instinto fisiológico, não por escolha.
Liberdade é fazer/falar/denotar o que se bem quiser?
Um exemplo: ficar medindo uma mulher com os olhos é considerado uma ofensa e deve ser evitado. Entendo que alguns jornalistas e simpatizantes possam entender que ‘não poder falar o que se quiser’ é uma “brutalidade contra a democracia”; contudo o mundo está se organizando de forma a entender que a questão é bem complexa, e não é recomendável um jornal que fica exposto nas bancas de revista na rua, exiba uma suruba de Jesus, Deus e Cia onde crianças religiosas se depararão com o mesmo.
Bordão social – “nossa vida é feita de escolhas”:
Se assim fosse, ninguém iria escolher cometer tantos erros ou ter sentimentos e pensamentos não saudáveis. Para o filósofo Sartre nossa condição essencial de seres humanos é nossa liberdade; contudo, seríamos livres e responsáveis (responsabilidade no senso comum denota algo oposto a ser livre…) e . O que me difere da questão da Liberdade em Sartre, é a escolha: em suma, a psicologia entende que pouco escolhemos; e o que mais prefiro dizer aqui é que temos ‘escolhas relativas’, escolhas entre aspas, mais ou menos. Por exemplo, uma criança não escolhe plenamente, ser muçulmana tendo nascida no Irã; ou amar futebol tendo nascida numa família e torcedores brasileiros.
Winnicott e o ‘Verdadeiro Ser’ – Heidegger e a Autenticidade:
Os dois termos parecem semelhantes; de fato são, mas há importantes diferenças. Para esse artigo não ficar demasiadamente longo e técnico; vou fazer uma síntese, para o psicanalista Winnicott, o ser é indivíduo que é inteiro, sente-se REAL; consciência íntima de si. Para Heidegger, simplificando, o que nos dá unidade, é a angústia para o sentido da existência. Gosto de trazer o que se diz: A única certeza que temos é… a morte… (ele chama de ser-para-a-morte). Contudo, o padrão, o geral, o comum; é o viver na incerteza, justamente afastando-se de todas possíveis que a vida sempre oferece, da única certeza que temos.
Aconte-Ser – Liberdade e Autenticidade – Espontaneidade:
Um ser verdadeiro e livre, teria esse modo se existir: sensação de ser real consigo mesmo e com sua situação de mortal. Aqui já podemos, então, unir liberdade com autenticidade.
Como seria um “livre e verdadeiro existir”?
Volto ao início do texto, ao cineasta, trazendo uma cena que é comum nos filmes, um casal simplesmente “brincando de fazer nada”, sem propósito, sem engajamento, apenas existindo, Aconte-Sendo… Isso lembra a expressão dolce far niente: expressão italiana que significa algo como “agradável ociosidade”, um ideal da ociosidade despreocupada, seria a doçura de não fazer nada.
Aqui creio que Malick traz a questão da liberdade, como “não estar preso a qualquer coisa”, assim, podemos brincar em paz; como nas cenas de adultos em balanço, isso passa uma leveza, mas preferi sintetizar o que sinto/penso, na imagem abaixo:
Uma pessoa, soprando livremente uma gaita, sem praticar exercício, sem se ater as notas de uma música já composta.
Simplesmente Aconte-Ser-com-o-instrumento, unidos no momento, nada mais é necessário.
Menino-gaita na livre sonoridade.
apenas-aconteSendo
únicos-verdadeiros-livres
concomitantes-no tempo suspenso.
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4)Pequeno Dicionário de Frases, Crenças e Mitos Populares
Espero Ter Ajudado!
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